terça-feira, 1 de dezembro de 2009

PROJETO DESTRÓIA



Feliz a cidade que promove sua arte local, mais especificamente seus jovens dramaturgos. E Joinville já conta com nomes como Borges de Garuva e Rubens da Cunha. Menos conhecido por sua dramaturgia, Raphael Vianna é reconhecido e estimado pelas suas primorosas direções em peças como “Apenas Luisiana” e “Fausto de Fernando Pessoa” e em suas excêntricas atuações como em “Folias Machadianas” e “Primo da Califórnia”.
Atualmente morando em Niterói, Rio de Janeiro, onde aprofunda seus estudos teatrais no curso de Artes Cênicas e Mestrado em Teatro pela Universidade da UNIRIO, seu trabalho com alunos do curso de teatro do Conservatório Belas Artes a partir do texto “Destróia” ainda ecoa na memória dos que assistiram e dos que atuaram em única apresentação em 2006, visto que tratava-se de um trabalho didático e experimental.
Dramaturgicamente, o texto é resultado de uma pesquisa pessoal do autor e das impressões construídas em suas leituras, Raphael Vianna escreveu uma paródia que revisita a obra original sob um olhar contemporâneo. Nesse tempo e contexto, os personagens e situações ganham contornos que discutem a condição e vida do homem pós-moderno.
É nesse enfoque que a produção da peça ganha força, no sentido de operar relações inéditas entre o mundo clássico e o universo contemporâneo, trazendo à tona o riso enquanto gesto social. É esse mesmo riso que permite a constatação de como tanto a obra original “A Guerra de Tróia”, quanto o seu revisitamento “Destróia” (tendência pós-moderna comum em nossos tempos) são faces distintas de uma mesma obra de arte produzida há mais de dois mil anos atrás. Seu estilo de escrita original e a forma como as ações são propostas em sua dramaturgia permitem um estudo empírico aprofundado em relação ao riso e à recepção do público em diferentes bairros de Joinville. Para esse estudo, será considerado o viés da teoria do riso de Henri Bérgson.
Estudos como o que é proposto trazem à tona a pertinência de pesquisas voltadas à recepção do público joinvilense às diferentes manifestações de arte. Para tanto, será considerado as diferentes maneiras como as pessoas têm se relacionado com o teatro enquanto manifestação de arte. Para tanto, será articulado uma sintética inquete, via questionário, que será articulada como ingresso ao espetáculo. Nesse espaço, as pessoas assinalarão tópicos relacionados a sua relação com o teatro, quantas peças já viu, onde, como, quando. Os dados coletados a partir desse recurso, respaldarão uma pesquisa que tentará medir como o público joinvilense vem se relacionando com o teatro em diferentes bairros como Centro, Aventureiro, Iririú, Itinga, Itaú, Bom Retiro, Saguaçu, Paraíso.
Para tanto, as diferentes reações do público também serão analisadas através de fotos e registros, a fim de que os dados coletados através da inquete sejam relacionados com as diferentes reações possíveis do público oriundo de diferentes espaços e atravessados por diferentes culturas e experiências com o teatro. Para tanto, será utilizado o viés da teoria do Riso proposta por Henri Bérgson, estudo já articulado por Geane Vieira em sua pesquisa “O resgate da Comédia Dell’Arte e a composição de dramaturgias a partir de textos clássicos: expandindo as possibilidades do teatro da universidade à comunidade” pelo Proler da Universidade da Região de Joinville – Univille em 2005. Esse é um aspecto muito importante do trabalho, visto que oportunizará um estudo em relação ao público joinvilense, uma vez que muito se tem falado empiricamente sobre essa dimensão importante do teatro joinvilense, mas não se tem notícia de um estudo aprofundado nessa área.
Esse trabalho contará com a assistência de direção de Geane Vieira (no caso, a própria proponente do projeto) que já conta com experiências relacionadas à comédia em sua inserção em diferentes espaços e terá a oportunidade de aprofundar uma pesquisa na área da recepção e comédia que não deixa de se fazer importante no momento atual do movimento teatral joinvilense. A direção contará com o trabalho do próprio escritor da obra, no caso, o Raphael que terá a oportunidade de compartilhar suas experiências em mestrado pela UNIRIO com grande parte dos seus alunos que já apresentaram esse trabalho em apresentação única em 2006 (fato lamentável por ter se tratado de uma experiência didática) e artistas locais. O apoio e a produção serão do Grupo GT Belas Artes, já consagrado pela qualidade de diferentes espetáculos (Apenas Luisiana e Fausto de Fernando Pessoa) e produção de mostras de teatro de animação.
No espaço escolar, o contato dos alunos com essa peça traz à tona a possibilidade de um posterior aprofundamento por parte dos professores sobre as relações entre a Cultura Clássica (cuja influência é evidente na constituição cultural do mundo Ocidental) e os valores pós-modernos. Com a produção dessa peça todos ganham: o autor que será convidado para assumir a direção geral do espetáculo); os atores que participarão dos estudos relacionados às inter-relações entre Mitologia, Grécia e Contemporaneidade e o público que finalmente contará com um olhar cuidadoso e especial em relação às suas manifestações, ações e imaginário.


GEANE VIEIRA Proponente do Projeto e Assistente de Direção.

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